
Hi-fi Rush, game produzido pela Tango Gameworks que pertence a Bethesda, lançado no dia 10 de janeiro de 2023 configurou-se como uma das grandes surpresas na indústria nesses últimos tempos isso porque o jogo não teve marketing, não teve hype e também não teve nota divulgada antecipadamente e apenas lançou. Hi-fi Rush poderia ser uma bomba, um desastre, mas com a coragem do estúdio e da produtora e com todo aval que aprovou o projeto de Shinji Mikami e sua equipe. O jogo além de ser o primeiro projeto de Shinji que não seja ligado ao gênero de terror é também um dos jogos mais bem avaliados dos estúdios do Xbox onde hoje se encontra com 89 no Metacritic e 91 no Opencritic
Dream on, dream on…

Hi fi Rush é um sonho para aqueles que queriam uma junção perfeita de um hack’n slash como Devil May Cry com um jogo de ritmo ao estilo Guitar Hero e unir tudo isso em uma animação estilo Sunset Overdrive. Antes de falar sobre como todos os elementos de gameplay são inseridos e contextualizados no jogo é bom eu falar para vocês sobre a narrativa desse projeto ousado da Tango.
Para começar essa canção é bom introduzir a parte narrativa do game que não é o ponto mais forte do game, mas vale a pena contar. O jogador controla Chai, um jovem bem bobão que tem um sonho de se tornar uma estrela do rock, pois é, eu acho que todo mundo que curte rock já se imaginou querendo ser a estrela do rock, mas o nosso amigo Chai aí levou muito a sério e se voluntariou no Programa Armstrong da empresa multibilionária Vandelay com a pretensão de ter um braço robótico, porém como nenhum tudo é uma canção de flores, o nosso querido Chai acaba saindo com o braço robótico e com um aparelho de escutar música no seu peito, uma espécie de Ipod. Esse aparelho faz com que tudo que o Chai faça seja no ritmo das músicas e não sendo o bastante ele ainda passa a ser considerado um defeito pela Vandelay e começa a ser caçado para ser eliminado.
É na gameplay que Hi fi Rush se mostra como uma obra prima

Pouparei palavras para a história, mas de certa forma terei que falar sobre ela, pois ela ajuda a explicar elementos da história e do cenário, um baita exemplo são os amigos que o protagonista conhece no caminho, cada amigo tem sua particularidade na progressão de nível e no level design do game, cada personagem entra com uma peça num quebra-cabeça perfeito. Os combos, os golpes especiais, tudo se encaixa sem ser maçante, sem cansar o jogador e tendo a hora e o lugar certo para acontecer. Os inimigos entram como uma peça fundamental no encaixe dos amigos do Chai dentro do level, cada inimigo com suas particularidades, essas sendo combatidas com cada habilidade dos companheiros do protagonista. As habilidades de Chai são escaláveis conforme ele consegue engrenagens, que funcionam como uma moeda para se comprar os combos, combos com os amigos e também os chips que dão uma bonificação para o Chai, como chamar os seus parceiros mais rapidamente ou até mesmo permitem que o futuro astro do rock ache itens de cura mais rápido.
O combate de Hi fi Rush não é um enigma ou possui uma complexidade absurda e isso que torna ele muito bom, porque com o básico ele faz muito em suma o Chai tem o combate base com seus combos, os ultimates e o combate com seus aliados que são utilizáveis para inimigos específicos ou apenas para ajudar o Chai a descer a lenha em geral. Os ritmos é claro que entram como o elemento principal do combate, acerte eles perfeitamente para obter melhores classificações no combate como S, por exemplo.
Cada level e cada missão de Hi fi Rush exemplam que a composição de gameplay vai além de apertar botões

O cenário vive, dança e responde ao ritmo, os inimigos vivem no ritmo, com uma coreografia perfeita que imergem o jogador no ritmo da música e da trilha sonora que o jogo traz. Cada missão que o Chai passa tem a sua particularidade, seja pela mudança para um trecho em 2D lembrando clássicos jogos de plataforma ou em sessões de pura ação em uma boss fight carregada de quick time events que te fazem fixar os olhos para não tomar nenhum dano. O interessante é que com essa mudança de level design o game te mantém interessado, é só pensar que a não repetição atiça a curiosidade do jogador, eu mesmo quando matei o primeiro chefe achei que todas as outras batalhas com os mesmos seguiriam o mesmo padrão, mudando apenas a ambientação e a movimentação dos chefes, entretanto quando fui para o segundo boss já havia uma mudança na estrutura de como enfrentaríamos o tal chefão e tudo isso vem junto com uma mudança na direção de arte e no design da missão em geral, design esse que justifica os seus companheiros, um exemplo é a Peppermint que é a sua primeira amiga, ela pode quebrar certos escudos e tem áreas no game que para que o player progrida ele deve pedir que a Peppermint atire com sua pistola e desbloqueie algo, como por exemplo algo pra usar o gancho, inclusive o gancho é outro elemento de gameplay muito bem aplicado tanto no combate quanto na parte de plataformas dos níveis.
Obrigado Hi fi Rush…

Confesso que Hi fi Rush me fez sentir uma sensação de infância, não só pela sua estética de games mais antigos, mas por ser uma surpresa, é como se eu tivesse recebendo um brinquedo que nem eu sabia que queria tanto, mas de alguma forma eu queria e eu recebesse ele sem expectativa e ele me acompanhasse até eu cansar dele, mas com um ar de satisfeito. Durante as 12 horas que eu tive de gameplay com ele eu pude ver que ele é uma boa aula para uma indústria carregada de AAAs com altíssimo investimento mas tão pouco zelo em fazer algo realmente bom. Hi fi Rush demorou seis anos para ficar pronto e foi aprovado justamente por destoar do padrão Bethesda, mas não destoa só do padrão dela, mas de grande parte da indústria atual e chega a ser irônico o lançamento ser só duas semanas antes de Forspoken, que foi mais um projeto fracassado da Square Enix. O jogo mais recente da Tango Gameworks pode ter criado um novo padrão dentro do Gamepass que seria o lançamento de jogos de baixo orçamento sem marketing algum, na surdina, um lançamento sem mostrar nada, pois gera interesse no serviço, já que as pessoas querem ver como o jogo é, não tem tempo delas perderem o interesse no game porque o jogo já foi lançado. Hi fi Rush é como um pequeno xeque-mate na indústria que é movida por hype e hype.
“Ousado e necessário Hi fi Rush cria um possível novo padrão de lançamento dentro do Gamepass além de dar novos ares na monotonia da indústria”
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